Cultura Popular

Por: Kaline Aragão
09/10/2014 às 10:00
Foto: Ilustrativa do Cordel

De Olho D’agua à Frei Miguelinho

Autor: Francisco de Assis de Oliveira (Chico Bento)


Localizada em terras antigas
Concedida sesmarias
No século XVIII início do povoamento
Próximo ao Riacho topada vivia
Influente do Rio de Capivara
É hoje o Rio Capibaribe e separa
Onde as terras dividiam

O fazendeiro Tomé José de Moura
Sentindo falta do seu gado
Saiu do Sítio Dois Riachos
Pelo o escravo Mateus informado
Que estava ao norte de suas terras
Bem próximo aqui da serra
As achou no lugar informado

Tomé encontrou o gado
Próximo a uma fonte natural
Onde havia muitos animais ferozes
Ele ficou impressionado com o local
Com a sua experiência
Ele fixou sua residência
Ali naquele matagal

O denominado de olho d’água
Com suas águas cristalinas
Entre as pedras a nasceste
Com água clara e fina
Correndo em forma de queda
Entre as rochas e as pedras
Jorrando água em cima


Chamava-se de olho d’água
Por ter água permanente
Descendo e banhando as pedras
Formando água corrente
De longe se poderia ver
Quando as onças vinham beber
Vindo à água de nascente
Os primeiros habitantes
Já passaram a chamar
De olho d’água da onça
Por ter muita onça no lugar
Esse nome ganhou
Por muito tempo ficou
Sem ninguém querer mudar

Ali por perto da fonte
Tomé teve um desejo
De construir uma fazenda
Aproveitando o ensejo
Na época ele não pensava
Que a fazenda se povoava
E passava a vilarejo

O povo ficava a noite
Conversando lá na rua
Juntavam-se os amigo
Ali no claro da lua
Mas pra se unir na fé
Foi feita uma capela pra São José
Pro povo do mato e da rua

Em 1817
Na revolução pernambucana
O herói Miguel Joaquim de Almeida
Fugindo daquele drama
Com os olhos raso d’água
Onde teve confiança e fama

Por aqui ele ficou
E fez boa amizade
Foi acolhido pelo povo
E viveu sua mocidade
Antes de ficar velhinho
O religioso Frei Miguel
Voltou para sua cidade

No ano de 1928
Através da lei municipal
Foi criado o distrito de Frei Miguelinho
Foi um momento especial
Para dizer a verdade
O primeiro passo pra ser cidade
Faltando a lei estadual


Quando veio o interesse
De olho d’água ser cidade
Lembraram de Frei Miguelinho
Por ter sido um grande padre
Todos acharam corretos
Já botaram no projeto
Pra ser o nome da cidade

Levaram o projeto
Ao governo do estado
De lá foi encaminhado
A câmara dos deputados
A lei n°4977 entrou em validade
Frei Miguelinho virou cidade
E no diário publicado

Em dezembro de 1963
Desmembrado de Vertentes
Ganhando sua identidade
Deixando de ser adolescente
Tomando posse da cidade
Conseguindo a liberdade
Para viver independente

A demarcação do município
Faz fronteira com Surubim
Também com Santa Maria
E de Vertentes é vizinho
Riacho das Almas e Caruaru
Jucazinho na zona Sul
Assim é Frei Miguelinho

São cento e quarenta e quatro km²
Sua extensão territorial
Aproximadamente 14 mil habitantes
Fica no Agreste Setentrional
A agricultura é milho e feijão
Na pecuária é pequena a criação
A mais ou menos 140 km da capital

Ai ficou a discussão
E comentava-se todo dia
Pela divisão do município
Pra quem a Lagoa pertencia
Como seria a divisão?
Era pra Frei ou não
Ou Seria para Santa Maria

Olho d’água onde é hoje
Chamado açude da bica
Precisa fazer uma praça
E deixar ela bonita
E proibir que jogue lixo
Pra ter zelo e mais capricho
E assim ter mais visita

Para valorizar a fonte
Faz um planejamento
Aterrar uma parte do açude
Deixando o lago no centro
Planeia e faz uma praça
E a natureza abraça
E deixa a água correr dentro

Na frente um estacionamento
Com uma área de lazer
Ao redor iluminação
 Deixando a água escorrer
Em uma calha bem bonita
Que faça encher a vila
Quando todo mundo vê

Frei Miguelinho é conhecido
Como a terra garçom
Para a divulgação da cidade
Isso será muito bom
A festa do garçom é em agosto
Tem gosto para todo gosto
Bebida comida e som

A festa do padroeiro
Na primeira semana de abril
A feira livre é na terça feira
Tem um povo amigo e gentil
As famílias têem respeito
A paz reina no peito
Neste local do Brasil

Frei Miguelinho é administrado
Pelo poder executivo
São nove vereadores
No poder legislativo
Um prefeito e um vice-prefeito
Pelo povo sendo eleito
Com o voto competitivo

Para chegar a Frei Miguelinho
O acesso é a PE 90
Pegando a PE 121
Lá no junco você entra
São 6 km de caminho
Ai chega a Frei Miguelinho
Sua visita nos contenta

Frei Miguelinho é uma cidade
Onde se vive em paz
Há tempo que não se ler
Uma matéria nos jornais
Pra viver em tranquilidade
Igual a essa cidade
Ninguém encontra jamais

O município de Frei Miguelinho
Tem oito povoados
Cinco escolas, além dos grupos escolares,
Duas endo do estado
Uma na cidade e outra na Lagoa
Preparando as pessoas
Para entrar no mercado

O seu primeiro prefeito
Foi Naercio Gaião
Depois Dr. José Carlos
E Gaudêncio Assunção
Zezon Alexandre e Abdias Morais
E o segundo mandato traz
de volta Gaudêncio Assunção

Depois o prefeito José Moura
Gaudêncio com a terceira gestão
Dois mandatos de Nito Alexandre
E dois de Gilmar Assunção
Dois de Lula na história
Que ficaram na memória
De 50 anos de emancipação

Como contar essa história
Homenageando em poesia
Imaginei como seria
Comecei rimar sozinho
O tema Frei Miguelinho
Busquei os conhecimentos
E não tendo o talento
Nunca vai fazer a rima
Tem que ter a benção divina
Ou o Dom de Chico Bento