SDS contabilizou 46 assassinatos entre sexta-feira (16) e domingo (18). De terça (13) a quinta (15), período da paralisação, ocorreram 40 crimes.

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Do G1 PE
O primeiro fim de semana após o término da greve da Polícia Militar em Pernambuco foi mais violento do que os dias em que os PMs estavam de braços cruzados. De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), entre terça (13) e quinta-feira (15), período da paralisação, ocorreram 40 homicídios em todo o estado. Já entre sexta (16) e domingo (18), quando os policiais já tinham voltados às ruas e com as tropas federais fazendo o reforço da segurança no estado, foram registrados 46 assassinatos. Os dados foram apresentados, nesta segunda-feira (19), após balanço da operação militar, no Recife.

A quantidade de homicídios é maior, inclusive, do que a registrada no fim de semana passado, com 35 mortes. Maior também que nos quatro fins de semana de maio do ano passado (com 25, 24, 33 e 33 homicídios). “É rotina termos aumento de crimes no fim de semana, não podemos atribuir à greve. Não quer dizer que os homens não trabalharam nesse período. Há sempre curvas nesse tipo de estatística", ponderou o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho.
Também presente na coletiva de imprensa, o chefe da Polícia Civil de Pernambuco, delegado Osvaldo Morais, informou que entre quarta (14) e quinta-feira (15), foram registrados 11 casos de furto e roubos a lojas na Região Metropolitana do Recife, registrados em delegacias distritais. A quantidade de casos registrados em delegacias especializadas não foi informada. Já o Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri) registrou 13 ocorrências no período.

Essas ocorrências, sendo 37 na capital e 74 na RMR, resultaram em flagrantes, inquéritos, TCOs e ocorrências com menores. "Várias pessoas têm se apresentado à polícia, espontaneamente. Essas pessoas não são presas agora, mas, futuramente, a Justiça pode decretar a prisão delas. Só da Delegacia de Abreu e Lima saíram hoje [segunda] dois caminhões lotados de produtos roubados que foram devolvidos. Quem não devolver o que pegou, pode ser preso em flagrante por receptação qualificada", explicou Morais.

De acordo com o secretário da SDS, se for necessário, ele vai providenciar na Justiça mandatos de busca e apreensão. Ele também acrescentou que as delegacias de Abreu e Lima e Cavaleiro, no Grande Recife, receberam reforços para dar agilidade às investigações. Nesses dois locais, além do município de Paulita, houve saques a diversos estabelecimentos comerciais.  Os inquéritos estão sendo abertos por cada caso registrado, com várias pessoas incluídas na mesma ocorrência.

MPPE vai denunciar envolvidos em saques
Antes da coletiva, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) entregou ao governo uma mídia digital contendo imagens de saques no comércio de Paulista e Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, realizados durante a greve da PM. Algumas mostram, inclusive, donos de lojas sendo agredidos por vândalos.
As imagens foram reunidas pela Federação do Comércio do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE). "Nós demos o material à Polícia Civil para ajudar nas investigações, as quais estamos acompanhando. Aproveitamos também para pedir agilidade na conclusão dos inquéritos para podermos fazer as nossas denúncias à Justiça", disse o procurador-geral de Justiça, Agnaldo Fenelon.

Chefe da Polícia Civil, delegado Osvaldo Morais, informou
que entre quarta (14) e quinta-feira (15), foram registrados
11 casos de furto e roubos a lojas na Região Metropolitana
(Foto: Luna Markman / G1)


De acordo com Fenelon, cada suspeito será investigado e as condutas, individualizadas. "Mesmo aqueles que entregaram os objetos que furtaram serão denunciados à Justiça. A entrega pode apenas atenuar a pena. Vamos denunciar todos os envolvidos, não vamos aceitar saqueadores em Pernambuco", apontou.

O presidente da Fecomércio-PE, Josias Albuquerque, não informou o valor do prejuízo causado pelos saques, mas citou, como exemplo, que apenas um supermercado perdeu R$ 700 mil.

Sindicância vai investigar grevistas
A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) abriu sindicância, nesta segunda (19), para investigar transgressões disciplinares de PMs durante a greve da categoria. Além do inquérito disciplinar, serão abertos inquéritos policiais militares.

O número de PMs investigados não foi informado. "A sindicância é para confirmar o fato e quem participou, para depois ver o limite de atuação de cada pessoa. Ninguém ainda foi preso", disse o secretário da SDS, Alessandro Carvalho.

De acordo com Carvalho, a operação militar em Pernambuco permanece no estado até o prazo delimitado, 29 de maio, comandada pelo general Jesus Corrêa. "Todo dia a gente avalia o desempenho da operação e, por enquanto, ainda não é momento de pedir dispensa dessa medida", apontou.