Ministro da
Saúde defende plano de saúde 'popular' para aliviar o SUS
NATÁLIA CANCIAN
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
06/07/2016 13h03 - atualizado às 13h59
Eduardo Anizelli/Folhapress
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Ministro da Saúde, Ricardo Barros, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília |
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou nesta
quarta-feira (6) que irá defender a criação de um plano de saúde "mais
popular", com acesso a menos serviços do que a cobertura mínima
obrigatória determinada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), mas
também com menor custo ao consumidor. Segundo Barros, a medida pode
"contribuir com o financiamento do SUS".
"A ANS [agência que regula o setor] estabelece
uma cobertura mínima para os planos de saúde. Isso implica também num custo de
uma mensalidade do plano para essa cobertura estabelecida. O que estamos
propondo é uma flexão para que possamos ter planos com acesso mais fácil à
população e com cobertura proporcional a esse acesso. É ter outras faixas de
plano de saúde para que mais pessoas possam contribuir com o financiamento da
saúde no Brasil", disse, após participar de uma audiência no Senado.
Segundo Barros, a proposta, que deve levada para
aprovação da agência, implicaria na criação e oferta no mercado do que definiu
como um "plano de saúde popular", medida que poderia aliviar os
gastos do governo com o SUS.
"Quando uma pessoa tem um plano [de saúde],
ela participa dos custos de atendimento da saúde. E como tem menor cobertura,
parte dos atendimentos continuarão sendo feitos pelo SUS para os casos que não
estão na cobertura definida pela ANS."
"Isso ajudará a agilizar o atendimento das
pessoas e a construir a universalização que está prevista na Constituição. Cada
vez que a ANS manda o plano cobrir mais alguma coisa, aumenta os custos",
completou, citando como exemplo os testes para detecção do vírus da zika,
recém-incluídos na lista de cobertura obrigatória.
Questionado pela Folha se a medida não poderia
levar a uma redução na importância do SUS, Barros minimizou as críticas e disse
não ver motivo para polêmica. "A adesão aos planos é voluntária. Ninguém é
obrigado a ir para os planos de saúde", disse.
Mas o ideal não seria investir mais no SUS para
melhorar os serviços? "O orçamento é finito, não há recursos
ilimitados" respondeu. "Sou ministro da Saúde, não sou só o ministro
do SUS."
Segundo Barros, a aprovação do novo modelo de
planos de saúde caberá à ANS, que tem autonomia para regular o tema. Ele diz,
porém, esperar "convencer" a agência a reduzir a cobertura mínima
exigida de serviços exigidos aos planos para atender à proposta.
Felix
Lima - 17.out.2013/Folhapress
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Para ele, a medida seria uma espécie de
"cooperação" para ampliar os recursos disponíveis para o SUS.
"Temos hoje uma parcela de financiamento da
saúde que se faz pelo serviço privado e outra pelo serviço público. O serviço
público atende com 1/4 do valor do que o serviço da saúde suplementar atende.
Queremos diminuir essa distância". O ministro cita o exemplo de hospitais
filantrópicos, que atendem uma parcela de usuários do SUS e outra de planos de
saúde, "e o que atende dos planos ajuda a compensar o deficit no
SUS".
Questionado se a iniciativa de uma plano
"menor" não poderia trazer prejuízo ao consumidor, uma vez que planos
de saúde têm sido alvo crescente de críticas por falhas e negativas de
atendimento, Barros disse que o usuário pode procurar a ANS e o Procon para
reivindicar seus direitos.
"Não é um problema que devemos ter como
fundamental. A reclamação dos serviços de telefonia é muito grande, dos
serviços bancários é muito grande. Aliás, são os campeões de reclamação, e não
os planos de saúde. A relação é contratual e as pessoas ficam ou não."
SEM MAIS RECURSOS
Pouco antes de detalhar a proposta de um plano de
saúde popular, Barros foi alvo de críticas de alguns senadores durante a
audiência ao afirmar, ao contrário do que defendiam seus antecessores no cargo,
que não buscaria no momento novos recursos para a saúde, mas sim que investiria
na melhoria da gestão.
"É preciso gastar melhor", disse.
"Há espaço para mais qualidade nos serviços de saúde com os recursos que
temos. Vivemos uma crise fiscal, não é o momento de propor mais recursos para a
saúde."
Para Barros, é necessário também aumentar o
ressarcimento dos planos de saúde ao SUS por atendimentos realizados na rede
pública de usuários da rede suplementar.
O encontro na Comissão de Assuntos Sociais do
Senado foi convocado após o ministro declarar em maio, em entrevista à Folha, que era preciso rever o tamanho do SUS. A declaração gerou protestos de entidades e movimentos da saúde.
Questionado, Barros negou se referir a uma redução no tamanho do sistema. "Quem
leu a entrevista sabe o que falei", disse. Na entrevista, no entanto, ele
afirma que "quanto mais gente tiver planos, melhor" e que o Estado
não tem condições de assumir todas as garantias previstas na Constituição
–incluindo o acesso universal em saúde, proposta do SUS.
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