“A Sociedade
do Espetáculo”
A respeito do comportamento das pessoas no velório do Político
Eduardo Campos.
Por Kaline Aragão
26/08/2014 as 18:00hs
Foto: Internet
O
velório de Eduardo Campos no dia 17 de agosto de 2014, foi algo estranho do
ponto de vista humano. Tivemos a
inovação de “narrador de funeral”, como se fosse um jogo de futebol. Tivemos o
ex-presidente Lula e a presidente Dilma sendo vaiados, o que é sinal da
rejeição legítima a ambos, mas sintoma de falta de respeito aos familiares das
vítimas enterradas. E tivemos, pasmem!,Umespetáculo de horrores quando várias
pessoas resolveram tirar “selfies” com o caixão ao fundo.
Guy
Debord escreveu em seu livro Sociedade do Espetáculo, que vivemos num mundo
realmente invertido, o verdadeiro é um momento do falso. A destruição da
autoridade, e a negação da existência moral nos homens, tem feito à humanidade
descer ao fundo das coisas.
O
valor das ‘coisas’, estão sendo alterado, demonstrar respeito em algumas
ocasiões se faz necessário, para mostrar que ir a enterros não é a mesma coisa,
que reunir os amigos para ir ali à esquina comer pizza. “O espetáculo não é um
conjunto de imagens, mas uma relação social ente pessoas, medida por imagem”.
Uma nova visão de mundo, objetiva-se nas pessoas. “O espetáculo que invertem o
real é efetivamente um produto. Ao mesmo tempo, a realidade vivida é
materialmente invadida pela contemplação do espetáculo e retoma em si a ordem
espetacular À qual adere de forma positiva”.
E
sem dúvida o nosso tempo... prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a
representação à realidade, a aparência
ao ser... Ele considera que a ilusão é sagrada, e a verdade é profana. E mais:
a seus olhos o sagrado aumenta à medida que a verdade decresce e a ilusão
cresce, a tal ponto que, para ele, o cúmulo da ilusão fica sendo o cúmulo do
sagrado. Feuerbach em a essência do Cristianismo.
Podemos
dizer, que tudo o que foi vivido diretamente desde o dia da tragédia de Campos
até o seu velório, tornou-se uma representação. O que se viu, através da
televisão, enquanto um padre rezava a missa, foi um comportamento vulgar e uma
ausência absoluta de respeito aos mortos, de um lado a comoção foi trabalhada
nos mínimos detalhes e do outro, pessoas sem noção, os próprios filhos não
enterraram um pai, enterraram um político, não era momento para camisetas de
partido, não era momento para punhos cerrados, como se estivessem prontos a
vencer uma batalha. Era um momento de dor.
Material
de campanha, foi distribuído durante todo o velório no Palácio das Princesas, “Não
se deve avaliar a dor de quem quer que seja e muito menos como ela se
manifesta. Escancarava-se de maneira chocante a jogada política que todo o
tempo comandou o episódio que envolveu a morte de Eduardo Campos.
O
tempo é espetacular, como disse Baltasar Graciá, (L’Homme de cour) “A única
coisa que temos de nosso é o tempo, do qual gozam até os que não têm morada. E
a sua família não foi dado esse tempo para chorar e sofrer o luto por seu pai,
em sua fragilidade, foram privados e submetidos ao inverso da ordem natural das
coisas.
Como
disse Dubord, a imagem social do consumo do tempo, é exclusivamente dominada
pelos momentos de lazer e de férias, momentos representados à distância e
desejáveis por definição, como toda mercadoria espetacular. Essa mercadoria é
explícita oferecida como o momento da vida real, cujo retorno cíclico deve ser
aguardado. Mas, mesmo nesses momentos concedidos à vida, ainda é o espetáculo
que se mostra e se reproduz, atingindo um grau mais intenso. O que foi
representado como a vida real revela-se apenas como a vida mais realmente
espetacular.
“A
vida saudável exige a maturação de seus acontecimentos, exige um tempo para a
reflexão. Daí pode nascer mais força para a vida”.
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